Soneto dos meus amores

Carrego comigo vários amores numa sacola. E continuo a encher. Acumulo afetos, encontros, dissabores. Não me desfaço deles por nada. 

Dos homens que amei nessa vida, apenas um desamei. O amor, às vezes, sufoca. Se autodestrói e é destituído.

Carrego amores numa sacola, mas não me prendo à eles. Posso até, eventualmente, fantasiar. Conceber reencontros, reconciliações, casa compartilhada, juras de amor. 

Carrego meus amores e eles não pesam. Em alguns momentos, só um pouquinho. Os carrego porque esses amores sou eu. Minha personalidade, minha força, meus hábitos, meus gostos. Minha desenvolvida habilidade em saber dizer adeus.