Descobrimos o clitóris e esquecemos o ponto G?

Para quem é da minha geração, ou mais velha, e lia revistas como Cláudia e Nova (aquela das páginas lacradas sobre sexualidade), provavelmente se lembra de toda uma mítica em torno do tal ponto G.

Embora possa existir uma região com mais terminações nervosas dentro do nosso canal vaginal, hoje sabemos que é no clitóris que sentimos mais prazer. Inclusive, o que se entende como ponto G nada mais é do que a continuação do nosso clitóris. Já pesquisou sobre sua anatomia? Deixei a imagem para facilitar.

Com o avanço do movimento das mulheres nos últimos anos, sinto que avançamos em alcançar mais prazer sexual. Entendemos, de forma definitiva, assim espero, qual é a parte do corpo que vai nos fazer gozar. E não tem muito segredo, nem mística em torno disso. Na verdade, é bem simples e fácil para a maioria de nós.

Por aqui, já recebi incontáveis depoimentos do primeiro orgasmo após o uso dos Perfeitos. A verdade é que muitas mulheres só gozaram após o advento dos dispositivos de pulsação de ar clitoriano, os chamados sugadores, porque nunca foram ensinadas a estimular o clitóris. Porque ficaram anos esperando descobrir o prazer mágico da penetração (e não vai rolar). E pior: se sentido errada, frígida, por não conseguir gozar. Percebem o quanto isso é um horror?

Com os Perfeitos é simples: ligou, colocou lá, ajustou as velocidades e pronto. Resolvido! Pode ser com os dedinhos também. Só dá um pouco mais de trabalho. Perceba: gerações inteiras de mulheres privadas do orgasmo simplesmente por uma profunda ignorância da anatomia do prazer feminino. O surto do “onde está o ponto G” nada mais foi que o reflexo disso.

Outro dia conversava com mulheres, e uma comentou que nunca tinha utilizado um vibrador desses tradicionais, penetráveis. Já fui logo dizendo: nem use… experimente o Perfeito primeiro, porque é provável que você goste bem mais. Pode ser diferente para algumas mulheres, e tudo bem, mas a maioria vai preferir estímulos externos no clitóris.

Agora vamos a uma fofoca: lendo esses conteúdos das revistas dos anos 2000, fiquei fascinada por encontrar o ponto G e experimentar uma ejaculação feminina. Ficava pesquisando sobre isso na internet e encontrei um vídeo de um cara que ensinava onde estava o ponto G e como estimulá-lo para fazer a mulher desaguar. Meu então namorado tentou de várias formas e sem sucesso.

Anos depois, quem diria, estaria eu aqui dando aulas sobre isso? Me refiro ao link secreto que acompanha os Perfeitos, que ensina justamente como prolongar o orgasmo e ejacular, se você quiser. Spoiler: a técnica deve ser aplicada no ponto C, C de clitóris para quem não entendeu.

Deixo, por fim, alguns questionamentos para pensarmos: por que se investiu tanto debate, inclusive científico, nisso (afinal, foi um cientista homem, claro, que chegou com a hipótese do ponto G) quando o clitóris sempre esteve ali, bem facinho de ser descoberto e sem mistério? Por que, quando se trata do prazer feminino, demorou tanto para entendermos sua anatomia? E quem ganhou com a fantasia dessa mística do ponto G, que nos desviou tanto do óbvio?